terça-feira, 13 de março de 2018

Inconvenientes de não fazer ronha


estar na ronha• [Informal]  Não fazer nada.
• [Informal]  Fingir que se está a trabalhar ou a fazer algo.
• [Informal]  Fingir algo para conseguir o que se quer.
fazer ronha• [Informal]  O mesmo que estar na ronha.


"ronha", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, https://www.priberam.pt/dlpo/ronha [consultado em 12-03-2018].

Crónica de uma segunda-feira

Após mais um domingo tranquilo, com caminhada no calçadão da beira-mar, a 50 metros daqui, e a tradicional água de coco debaixo dos cajueiros, à beira da Praia do Meireles, tencionava escrever, como usualmente, sobre política local. Desta vez falando dos fracos resultados eleitorais dos socialistas tomarenses, que ganharam mas não logram convencer.
Em 2013 venceram inesperadamente o PSD, por 281 votos. Em 2017, após um mandato com alguns sobressaltos, aumentaram essa diferença para apenas 1.155 votos. O que representa um acréscimo de 874 votos. Se tivermos em conta que entretanto celebraram um acordo com os moribundos IpT, que em 2013 averbaram 3.094 votos, forçoso é concluir que o resultado final poderá ser tudo menos brilhante.

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De resto, se o PS nabantino conseguiu arrecadar mais 2.493 votos entre 2013 e 2017, melhor fez o PSD que, sem qualquer acordo com os desaparecidos IpT, registou mais 1.619 sufrágios durante o mesmo período.
Tudo isto numa altura em que há cada vez mais sinais de que os socialistas tomarenses, salvo uma ou outra excepção, se estão a transformar no partido das obras ornamentais. Aquelas que, uma vez concluídas, não se sabe para que servem afinal, em termos práticos. Por enquanto, o melhor exemplo existente é o do propalado Museu poli-nucleado da Levada. Na ideia inicial, era para haver um museu da fundição, um museu da electricidade e um museu da moagem. Gastaram-se seis milhões de euros e afinal, quanto a museus nada. Nem as instalações estão dotadas dos requisitos técnicos mínimos para tal efeito, nem a autarquia dispõe de recursos humanos ou materiais para manter tal sorvedouro de dinheiros públicos. De maneira que vão fazendo ronha. Organizam de tempos a tempos umas coisas, como na Casa dos cubos, para fingir que aquilo serve mesmo para algo. Vão mobilando. Fazem de conta. Tentam tapar o sol com uma peneira.
Mas pronto. No caso da Levada a responsabilidade é do PSD, que foi quem mandou fazer as obras. O pior é que a maioria PS já anunciou obras da mesma natureza, cujos objectivos a médio e longo prazo estão por determinar. É o caso da Várzea Grande, das Avenidas dos Combatentes, Nun'Álvares e Torres Pinheiro, bem como da Praceta Raul Lopes.

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Aquele templário está ali mesmo a propósito, uma vez que foi a central eléctrica do Mendes Godinho que forneceu energia eléctrica às betoneiras que o Gualdim Pais usou para edificar o castelo. Há cada uma!

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Nestes três casos, uma vez concluídas as obras, tudo ficará praticamente como dantes. O Lampedusa foi certeiro: "É preciso ir mudando qualquer coisinha, para que tudo possa continuar na mesma." Na Várzea Grande, decerto mais bonita, continuará a faltar um parque de estacionamento subterrâneo. Sobretudo depois de suprimirem o estacionamento de superfície. No cruzamento das antes mencionadas avenidas continuará a faltar a indispensável rotunda da ARAL. No caso da praceta, continuará a faltar um plano de trânsito à altura e adequada manutenção.
Em todos estes casos, de evidente faz que faz mas não faz, a Exma. Câmara está a arranjar lenha para se queimar. Está a aumentar despesas sem que se veja onde vai conseguir depois receitas para as suportar. É bem conhecido o adágio "Demasiado imposto mata o imposto", e em Tomar as coisas já estão como sabemos. Designadamente no que toca à factura/recibo da água.
Estava nisto quando li a crónica do embate Paços de Ferreira - F.C Porto, que os tripeiros perderam, averbando assim a sua primeira derrota ao fim de 35 jogos na Liga. E foi um tomarense que os derrotou, ao que parece com um recurso muito tomarense -a ronha. De forma que paira uma dúvida no meu tosco espírito: Será a ronha a melhor táctica para esta terra e para este país? Ou é só na política e agora no futebol?

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