quinta-feira, 1 de junho de 2017

Um magnífico cortejo e o resto

Um magnífico cortejo, com centenas de crianças caracterizadas e os adultos que as dirigiam vestidos à época. Alguns carros alegóricos, nomeadamente uma caravela, o gigante Adamastor e o padrão do Rio Zaire. Tudo sob um sol radioso, num clima de festa, de alegria, de concórdia, de paz e de segurança, tudo coisas cada vez mais raras noutras paragens, nos conturbados tempos que correm. 
E o resto. A grande colaboração dos pais e a devotada acção dos educadores, que mais uma vez foram muito para além daquilo para que são pagos, caso se entenda que o ensino está confinado às salas de aula. Mas também a sua magnífica lição de perseverança e de tomarensismo, ao vincar, quatro décadas após o Abril libertador, que os Descobrimentos, afinal a primeira globalização, começaram aqui em Tomar. Mais precisamente lá em cima, nos Paços do senhor Infante. Aquilo que agora parece evidente, foi porém bem difícil de difundir. Antes de Abril, os Descobrimentos eram considerados um êxito da capital do império agora desaparecido, e apenas isso.
Recordando as quatro décadas anteriores, é cada vez mais evidente que os tomarenses se especializaram pouco a pouco em cortejos. Tanto de adultos como de crianças. Pena é que essa experiência ainda não tenha convergido para uma reflexão profunda, partindo justamente do tema hoje celebrado em conjunto com o Dia da Criança: Tomar berço dos Descobrimentos.
Porque,  bem vistas as coisas, se houve Descobrimentos foi graças aos recursos da Ordem de Cristo, mas também e sobretudo a um estrangeirado chamado Henrique, nascido no Porto, filho de mãe inglesa. Que conseguiu esse feito extraordinário, porque antes tinha fixado objectivos precisos. Sabia o que queria e como alcançá-lo.
Para além do espectáculo, quais foram e são os objectivos a médio e longo prazo dos organizadores do excelente evento de hoje? Continuar a organizar eventos que não geram receita, nem evoluem?
Por favor não vejam nestas linhas uma critica, mesmo implícita. É apenas mais uma humilde tentativa para suscitar um debate que permita a Tomar sair do pântano em que se vai afundando. Antes que seja demasiado tarde.






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